terça-feira, 23 de março de 2010

12 teses e ½ sobre a conjuntura do Maranhão - Parte I

(*)Wagner Cabral da Costa
Historiador

1. Nunca é demais lembrar o ponto central das disputas políticas no Maranhão, do ponto de vista democrático de esquerda, que é o enfrentamento da mais velha oligarquia do país. Esta foi a tônica predominante nas últimas décadas, com seus acertos e erros, sucessos e derrotas.
2. Filha direta da ditadura militar, a oligarquia se manteve no poder durante quatro décadas em virtude, em primeiro lugar, das relações com o poder central, com o que teve e tem acesso a cargos federais e verbas públicas, manejados visando preservar e ampliar seu poder. Dos militares, apoiou a Nova República (do PMDB de Tancredo Neves), passando depois pelo PSDB de Fernando Henrique e agora pelo PT de Luís Inácio.
3. Sua ideologia é não ter ideologia, abraçando qualquer idéia, desde que oriunda do centro de poder, num governismo e adesismo congênitos que a transformaram desde sempre numa oligarquia “de uso exclusivo da Presidência da República”. Numa eventual vitória tucana em 2010, logo a veremos reconvertida ao credo do PSDB, dando-lhe sustentação política e governabilidade.
4. Em outro ângulo, a oligarquia também é produto e patrocinadora minoritária do processo de modernização conservadora da economia. Processo levado adiante pelo grande capital nacional e estrangeiro, com o apoio decisivo do Estado, e que transformou o Maranhão num corredor de exportação de produtos e insumos básicos, ao custo da superexploração dos trabalhadores, da destruição da agricultura familiar, da explosão dos conflitos no campo, do assassinato de lideranças populares, da destruição do meio ambiente. Nesse sentido, a oligarquia é expressão e aliada orgânica do grande capital.
5. A modernização conservadora também modificou parcialmente as bases de sustentação da oligarquia. Pois, ao lado do patrimonialismo (uso da máquina federal e estadual, nepotismo, clientelismo e corrupção), a oligarquia se constituiu em grupo econômico, com ramificações mafiosas em setores-chave da economia e do Estado nacional (vide as Minas e Energia), laços com empreiteiras e construtoras (corrompendo licitações e contratos), além da imensa fortuna familiar (visível e invisível).
6. O quase monopólio dos meios de comunicação de massa é outro componente da estrutura oligárquica, um controle direto (Sistema Mirante) ou indireto (aliados políticos e financiamento da mídia por verbas públicas). Estruturou-se dessa forma um Ministério da Mentira (MiniMent), espalhado na TV, no rádio, em jornais e na internet, cuja função é fabricar falsas verdades e distribuir falsas ilusões de progresso e desenvolvimento. Com a aproximação do período eleitoral, passou a vigorar o “vale-tudo”, com a divulgação sistemática de falsas notícias e pesquisas, de boatos e mexericos fabricados para comprometer seus adversários e críticos.
7. A violência e o medo formam ainda um dos sustentáculos da estrutura oligárquica. A violência física e simbólica voltada contra os trabalhadores e suas organizações, contra políticos e partidos da oposição. Alimenta-se a crença de que o chefe oligárquico é um Deus onipotente e onipresente, que tudo pode e tudo quer. No entanto, a imagem divina de um mestre de marionetes apenas esconde a fragilidade de toda essa estrutura de poder, sustentada não na consciência popular, mas na coerção, no clientelismo, na compra de votos, no abuso de poder político, econômico e midiático. A oligarquia é apenas a caricatura de um falso Deus.
8. Por outro lado, a trajetória das oposições tem sido múltipla, fragmentada e sem continuidade, por diversas razões que convém brevemente examinar. Em primeiro lugar, pelo espaço ocupado por dissidentes da oligarquia, cuja ruptura se deu por questões menores, pois em sua maioria são meros parricidas, que pretendem eliminar o deus-oligarca apenas para ocupar o seu lugar, repetindo a estória do José que substituiu o Vitorino. Ou ainda retornando ao ninho da oligarquia ao primeiro sinal de adversidade e à primeira promessa de benesses, pois se trata de uma classe política majoritariamente patrimonial e governista.
9. O exemplo do governo deposto pelo golpe judiciário do TSE deve ser retomado. Eleito num Condomínio de forças políticas contraditórias, tanto conservadoras quanto progressistas, o governo pedetista optou por privilegiar o atraso, afastando-se das esperanças e aspirações populares. O sentido parricida logo se revelou no projeto de substituir a velha oligarquia e não avançar na perspectiva da democratização da política e da participação popular, promovendo um governo de efetivas reformas. Nada disso aconteceu e pagamos todos hoje o alto preço da opção pelo atraso, com o retorno ilegítimo da filha oligarca ao poder.

Quinta-feira publicarei a parte II

Cleide Coutinho volta a cobrar asfaltamento da MA-127


A deputada Cleide Coutinho (PSB) voltou a cobrar, na sessão desta segunda-feira (22), a recuperação e asfaltamento da MA-127, estrada estadual que liga Caxias a São João do Sóter. A parlamentar fez um apelo ao secretário de Infra-Estrutura do Estado, Max Barros, para que a obra seja realizada. Na semana passada, a deputada já tinha trato do mesmo assunto.

A deputada socialista fez uma resposta direta à também deputada Márcia Marinho (PMDB), que chegou a questionar a data das fotos que “demonstravam o estado caótico da estrada”. Cleide Coutinho leu a declaração que recebeu, no dia 15 de março, do secretário de Administração Financeira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias, José Wilson da Silva, assumindo que participou da coleta de assinaturas de moradores nos povoados situados à margem da rodovia MA-127, com o objetivo de reivindicar melhoria na rodovia, que se encontra intrafegável.

Diz também que foi ele quem registrou em fotos, no dia 4 deste mês, “o efetivo e precário estado da mencionada rodovia e, tanto as assinaturas coletadas como as fotos por mim registradas, foram encaminhadas para a senhora deputada Cleide Coutinho para que tomasse as providências cabíveis, ou seja, para a reivindicação de reparos e melhorias na rodovia em questão, inclusive com a construção das pontes situadas no município de Caxias”.

Cleide Coutinho mostrou fotos mais recentes que foram tiradas no dia 17 deste mês, “que retratam ainda a maneira caótica da referida rodovia”. A deputada colocou as fotos à disposição “de quem possa interessar”. A deputada disse que ela e o deputado Rubens Júnior (PCdoB) fizeram emendas para garantir o asfaltamento da rodovia, mas isso não ocorreu, mas voltou a manifestar confiança que o secretário de Infra-Estrutura venha a resolver o problema, já que a obra chegou a ser licitada e o dinheiro repassado para a empreiteira, que ainda não realizou os serviços.

Waldemar Têrr
Agência Assembleia