terça-feira, 10 de novembro de 2009

SACRAMENTOS SEM REGISTROS, HISTÓRIA MASSACRADA


É inacreditável que não se possua nenhum registro de um sacramento. Um batizado, um casamento ou até mesmo uma primeira comunhão sem um registro fotográfico, sem um filmete que possa ser mostrado no adiantado dos anos aos mais novos é um caso de obscuridade da história de uma família.
Pois em Tuntum - pensem no tamanho da aberração paroquial - é proibido filmar ou fotografar seja um batizado, um casamento ou até mesmo uma primeira comunhão. Proibição imposta pelo pároco local. Se uma criança chorar durante a celebração da missa das 9 da manhã é imediatamente solicitada pelo pároco aos pais da chorona que retire da igreja a criança para não atrapalhar a celebração da santa missa. Tem pai que disse que nunca mais põe os pés na igreja por conta desta infâmia.
E a tradição que é respeitada e mantida em todo e qualquer canto do mundo?, isto nem se fala, pois as pinturas feitas quando da construção da igreja matriz de São Raimundo Nonato foram caiadas, encobertas pelas cores prediletas do pároco local. Os paineis lindos, que quando criança ficava a contar quantos carneirinhos tinham alí naquele lindo e maravilhoso painel foi pintado por cima. Passaram por cima da tradição. Passaram, usurparam a história de uma mais lindas igrejas do interior do Brasil. Até sua cor azul celestial de sua fachada foi maculada por um branco ganso adornado por um azul de nuvens pesadas. Sacramento sem registros e nossa história massacrada foi isto o que foi feito e ainda fazem os passageiros da paróquia de São Raimundo Nonato.

Preparando-se para 2010, Flávio Dino quer formar novo campo no MA


O deputado federal, um dos mais conceituados da Câmara, será candidato a governador do Maranhão depois de uma bem sucedida disputa para a prefeitura de São Luís. O desafio agora é levar seu nome para o interior e buscar uma rede de apoio político e social que garanta o sucesso de sua candidatura. Nesta entrevista, ele fala um pouco sobre os próximos passos e as impressões a respeito do evento máximo dos comunistas.
Saldo positivo

“As últimas eleições em São Luís deixaram um saldo bastante positivo para nós. Então, a preparação para a eleição de 2010 parte desse patamar que fomos construindo em primeiro lugar por meio da longa história do PCdoB no Maranhão e, depois, a partir de 2006 com o exercício de meu mandato federal e minha candidatura a prefeito em 2008. Do ponto de vista da preparação eleitoral, a tática se assenta primeiramente na acumulação de força e depois na busca da afirmação de uma estratégica inovadora no estado. Buscamos construir um caminho diferente”.

Contradições profundas
“Temos, em primeiro lugar, uma estratégia política: partimos da demarcação de contradições mais profundas, as verdadeiras contradições que há na política maranhense. Existe uma contradição real entre os campos Sarney e anti-Sarney, porém ela não é suficiente para explicar a realidade do estado e sua resolução não é capaz de levar o estado a um momento novo. O campo político que procuramos demarcar se assenta nas contradições mais profundas que há entre atraso e desenvolvimento. Nosso objetivo é unir em torno do PCdoB outros partidos e forças políticas e sociais que sejam parceiras desse projeto de desenvolvimento com inclusão e justiça social. Temos uma referência muito clara com relação àquilo que o presidente Lula faz no Brasil e é mais ou menos o que pretendemos fazer no Maranhão com as adaptações que a mediação da realidade local exige”.

Estratégias política e eleitoral
A partir dessa estratégia política cumpriremos uma estratégia eleitoral baseada no longo acúmulo do nosso partido, sobretudo na fase mais recente, e na sua organização, expansão e aumento de influência nos movimentos sociais. Tudo isso girando em torno de um programa que diagnostique os péssimos indicadores sociais que o Maranhão ostenta e com a apresentação de caminhos que efetivamente – superando todas as contradições – consiga fazer com que o Maranhão se encontre com seu destino de maneira que as tantas promessas feitas ao longo de anos sejam possíveis de serem concretizadas. Para isso, falta no estado o elemento político”.

Injustiça social

“O problema do Estado não é climático, não é geográfico, não é natural. Pelo contrário: do ponto de vista das pré-condições temos as mais favoráveis: estamos no meio-norte, com regime climático favorável, solos férteis; temos três ferrovias e cinco rodovias federais cortando o estado; temos um importante complexo mineral e metalúrgico e um agronegócio pujante. Porém, temos baixa agregação de valor e muita injustiça social. Precisamos identificar as cadeias produtivas capazes de gerar desenvolvimento com inclusão social e riqueza para a maioria do povo, uma política assentada na diversificação econômica. Com criatividade e imaginação podemos ter uma boa gestão de esquerda e popular no Maranhão”.


Lições eleitorais
“Durante as últimas eleições, tivemos acertos políticos e programáticas que temos de consolidar neste instante, mas também alguns erros operacionais derivados do nível em que nos encontrávamos. Por exemplo: não tivemos condições de enfrentar adequadamente a campanha violenta, de direita, fascista feita contra nossa candidatura. Não esperávamos essa cena e não estávamos preparados para uma campanha como aquela. Esperávamos algo programático e por isso não tínhamos vacinas prontas à disposição para combater a violência física e moral movida pelo hoje prefeito João Castelo. Este foi um erro no sentido da falta de previsão da nossa parte de que isso seria um cenário possível. Temos feito uma avaliação coletiva para exatamente garantir que o acerto político não se perca e não deixe de ter resultados eleitorais justamente por essas questões do campo técnico e operacional”.

PCdoB em expansão
“O PCdoB é o partido que mais cresce entre todas as forças políticas do Maranhão. Estamos ampliando nossa presença no interior com muitas lideranças. Não passa pela nossa cabeça a ideia de o PCdoB ser do Flávio Dino, mas sim de o Flávio Dino ser do PCdoB. Por isso estamos investindo no recrutamento e formação de lideranças políticas, sociais e sindicais em diferentes municípios e temos um grupo de possíveis candidatos a deputado federal, estadual de grande expressão e qualidade. Recuperamos nosso espaço na Assembleia Legislativa com a filiação do deputado estadual Rubens Junior, um quadro jovem e muito promissor com mandato qualificado. Temos dezenas de prefeitos, vices e vereadores. Tudo isso para que a nossa influência se transforme em força eleitoral. Diria que o PCdoB está cada vez mais preparado para cumprir esse objetivo de ser um novo campo político na política maranhense”.

Ausência de gestão administrativa

“O Maranhão vive hoje, do ponto de vista real, problemas graves resultantes da ausência de gestão administrativa com continuidade e método, capaz de liderar um momento novo no estado. Jackson Lago fez um governo bastante precário e desorganizado, incapaz de realizar as mudanças para as quais foi eleito e Roseana Sarney assume num momento de fadiga e desgaste em razão dos longos anos em que o grupo Sarney exerceu hegemonia política; além disso, num período muito curto de governo era impossível gestar algo de maior qualidade. Praticamente teremos quatro anos perdidos de administração pública. Este momento é bastante negativo”.

Primeiro congresso

“Vejo este 12º Congresso como um feliz casamento entre tradição e renovação. O que mais me chamou atenção foi a manutenção de nosso orgulho partidário pela nossa trajetória histórica, a referência permanente ao nosso ideário, à nossa experiência concreta de erros e acertos. Ao mesmo tempo a preocupação com a mudança de método, a ampliação e mudança do perfil do partido, o maior trânsito com a sociedade, o investimento em seus quadros e buscando, ao mesmo tempo, maior inserção nas massas. Este casamento está bem simbolizado no painel que está atrás da mesa: de um lado, Marx e Lênin e do outro os formadores do Brasil simbolizados por Tiradentes e José Bonifácio. Esta cena é ilustrativa da junção que o PCdoB procura fazer. O Maranhão tem a oitava maior delegação do congresso, ou 5% do total, e vejo nossos delegados – metade dos quais recém-filiados –,muito bem impressionados com a vitalidade, o vigor e o entusiasmo militante. A expectativa é que isso se espraie e haja um esforço de reflexão sobre nossos erros também. O 12º Congresso – sem ter conhecimento dos anteriores – sublinha de modo inédito a busca da inovação sem renúncia nem traição em relação aquilo que só o PCdoB pode representar no Brasil”.

Fonte: O Vermelho