quarta-feira, 31 de março de 2010

Genoíno descarta intervenção do PT no Maranhão, mas Sarney insiste

Por: Luís Cardoso


O deputadao federal por São Paulo, José Genoíno, vai hoje pedir ao presidente Lula que não endosse a proposta de intervenção no PT do Maranhão por causa da decisão do partido em não apoiar a reeleição da governadora Roseana Sarney.

Genoino considera democrática a posição do PT maranhense em apoiar a candidatura de Flávio Dino, que é um aliado histórico do partido. O parlamentar defendeu a tese dos dois palanques no Maranhão para a ministra Dilma Roussef
Embora a maioria da Executiva Nacional do PT defenda a liberdade de escolha no Maranhão, setores mais retógrados do petismo, como José Dirceu, querem a intervenção no Maranhão.

Ontem, o presidente da Câmara Federal, Michel Témer pressionou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a reverter a decisão do PT no Maranhão de não apoiar a reeleição da governadora Roseana Sarney.
Témer atendia a um apelo do presidente do Senado Federal, José Sarney, pai de Roseana. Sarney ficou chateado com o resultado da escolha pelo nome de Flávio Dino.

A ele fora dado a certeza de que os petistas do Maranhão iriam, na sua maioria, apoiar a governadora. Apostaram até que a diferença seria de 15 votos.

PRESSÃO E DINHEIRO

Para ganhar o apoio do PT, o governo fez de tudo. Prefeitos e deputados aliados da governadora não mediram esforços. Até dinheiro rolou nas negociações.

Em Arari, o delegado petista conhecido por Cafezinho, teria recebido R$ 15 mil e não compareceu para votar favorável a Flávio Dino.

Em Imperatriz e em Açailândia, o deputado Antônio Pereira tentou comprar dois delegados ao valor de R$ 15 cada para votar favorável à aliança do PT com o PMDB. Não logou êxito.

terça-feira, 30 de março de 2010

Cleide alerta para falta de leitos de UTI para tratar gripe A


A presidente da Comissão de Saúde da Assembleia, deputada Cleide Coutinho (PSB), ocupou ontem (segunda-feira, 29) a tribuna da Casa para chamar a atenção do governo do Estado, para a falta de leitos para tratar doentes contaminados pelo vírus H1N1 (gripe suína), na UTI Neo Natal do Hospital Materno Infantil e na UTI do Hospital Universitário Presidente Dutra.

Segundo Cleide Coutinho, um grupo de médicos que trabalham nas UTIs do Materno e do Dutra está muito preocupado com o surto gripe H1N1 que - segundo dados divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) - já contaminou e vitimou várias pessoas no Maranhão.

“Peço que o secretário de Saúde e a governadora encontrem solução para resolver o problema. Hoje, temos nas UTIs do Materno Infantil e do Dutra três crianças e uma enfermeira entubados. Outras três pessoas estão no pronto socorro, beirando a morte, porque não tem UTI”, afirma Cleide.

Para a deputada do PSB, a situação é muito grave, mas pode ser resolvida com a disponibilidade de mais leitos de UTI. “Conseguir leito de UTI infantil não é colocar uma cama no corredor. Esta UTI depende de equipamento, de respirador”, disse.

Por outro lado, Cleide observa que se o governo decretar estado de calamidade pública para resolver o problema imediatamente, pode fazer compras do material necessário sem nenhuma licitação. “O que vale é a vida das nossas crianças e do nosso povo”, assinala.

VACINAÇÃO

Na opinião de Cleide Coutinho, a Secretaria de Estado de Saúde deveria ter feito a vacinação contra a gripe H1N1 de forma mais ampla, sem determinar faixa a etária do público alvo.

“A vacinação tem que ter uma conduta rápida, emergencial, para todos terem o direito sem ser barrado por causa da idade, ou por causa da doença que tem. Vamos abrir mais postos arranjar mais vacinas”, apela.

A presidente da Comissão de Saúde acha que o idoso tem que ter prioridade na vacinação. Segundo ela, o idoso é uma pessoa que tem, no mínimo, hipertensão, diabete, reumatismo.

Diante da gravidade dos fatos, a parlamentar sugere que a população evite lugares públicos e uma semana de licença nas escolas, para evitar a aglomeração e contaminação de crianças em sala de aula.

Cláudio Brito
Agência Assembleia

domingo, 28 de março de 2010

Flávio Dino derrota Roseana Sarney e terá apoio do PT; direção nacional descarta intervenção no PT/MA


Do JP Online, com blog do jornalista John Cutrim

Ao anunciar a vitória da tese que defende o apoio do PT à candidatura do deputado federal Flávio Dino (PCdoB) ao governo do Estado, por 87 votos a 85, o secretário nacional de Organização do PT, Paulo Frateschi, descartou qualquer possibilidade de intervenção do Diretório Nacional no PT maranhense.

“As regras foram seguidas, tem uma proposta vencedora e é com essa que o Partido dos Trabalhadores vai trabalhar”, assegurou.

Após o resultado, Flávio Dino foi ao local agradecer aos delegados e àqueles que defenderam a tese de sua candidatura. “Podem ter a certeza que todos vocês irão se orgulhar disso, irão olhar para o espelho todos os dias pela manhã e dizer: eu estava no dia que nós ganhamos o primeiro turno da eleição de governador. Hoje, estamos mudando a história política do Maranhão”, completou.

Durante discurso direcionado aos dirigentes do PT e, em especial, à sua militância, Flávio Dino pregou a união de todos os petistas a fim de marcharem juntos num projeto de mudança para o Maranhão. “Peço fraternalmente que dividam comigo essa responsabilidade de, a partir de amanhã, colocar todo o Partido dos Trabalhadores unificado na campanha e com o mesmo objetivo”, conclamou.

Flavio Dino disse que a vitória obtida neste sábado é apenas o início de um movimento que vai “tomar conta” de todo o Maranhão. “Amanhã começa a onda vermelha. Então, vão à Rua Grande e comprem pano vermelho, por que tenho certeza que ele vai faltar no Maranhão", brincou.

Principal articulador do grupo vitorioso, o deputado federal Domingos Dutra mostrou-se satisfeito com o apoio do PT ao nome do deputado federal Flavio Dino. “Não adiantou a Roseana ligar para as pessoas, fazer chantagem, oferecer dinheiro, pois o povo do Maranhão não aprovava esse casamento de ‘jumento com avestruz’, portanto não tinha como dar certo. E assim como em 2006, nós iremos novamente derrotá-los”, disse, confiante. Leia mais no blog do John Cutrim.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Cleide Coutinho destaca homenagem a Maria Gema de Jesus Carvalho

A deputada Cleide Coutinho (PSB) destacou nesta terça-feira (23) a importância do Título de Cidadão Maranhense que será entregue à irmã Maria Gema de Jesus Carvalho no próximo dia 26, na Assembléia Legislativa. Para ela, a homenagem estende-se à educação de Caxias, da qual a religiosa foi uma das importantes representantes.

“Apressei-me em fazer este pronunciamento porque já agendei anteriormente uma revisão da cirurgia a que fui submetida e não poderei estar presente à solenidade. Quero, por isso, destacar neste momento a importância desse título, principalmente para nós caxienses”, declarou.

Cleide Coutinho disse que Caxias já soube reconhecer o valor da irmã, que já recebeu da Câmara Municipal o Título de Cidadã Caxiense. Ela acrescentou que Maria Gema recebeu também da sociedade caxiense o Título de Magnífica Educadora, e em São Luís o de Personalidade Global em Educação pelo Centro Educacional Bandeira Tribuzzi de São Luís.

“Foi feita também uma homenagem da direção da Faculdade de Ciência e Tecnologia do Maranhão, quando deu o nome da irmã Gema à biblioteca daquela unidade de ensino composta de um acervo inicial de 15.000 livros, e banco de dados com acesso a revistas nacionais e internacionais e tradução simultânea. Por isso, esta também foi uma bela homenagem que a nossa querida irmã Gema recebeu”, ressaltou.

A deputada disse ainda que a missão de educar gerações se manifesta em uma responsabilidade crescente de conhecer, acolher, transmitir ensinamentos, colaborar na formação do caráter e na evangelização de crianças e jovens que lhe são confiadas.

“A irmã Clemes era conhecida com esse nome quando chegou a Caxias em 1956, por determinação da Congregação das Irmãs Missionárias Capuchinhas, à qual ela pertence. As gerações mais novas a conhecem com o nome de irmã Gema. É piauiense de Oeiras, porém é caxiense de coração, porque dedicou a Caxias já mais do que cinco décadas na formação infanto-juvenil da cidade”, informou.

Waldirene Oliveira Agência Assembleia

Débitos anteriores do IPVA podem ser parcelados em até 12 meses

A partir deste mês, débitos do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), de exercícios anteriores, poderão ser regularizados em até 12 parcelas. A medida, pela primeira vez adotada no Maranhão, foi regulamentada por meio do Decreto 26.302, de 10/03/2010, com base na Medida Provisória n° 069, editada pelo Governo do Estado e publicada em 9 de dezembro do ano passado.

Segundo o secretário da Fazenda, Cláudio Trinchão, essa é a oportunidade para os proprietários de veículos quitarem seus débitos, evitando que sejam lançados em dívida ativa. “No início do ano, outra mudança facilitou o pagamento do IPVA, com a redução da multa por atraso, que passou de 10% para 2%. Acredito que, com todas essas facilidades, a inadimplência será reduzida”, explicou Trinchão.

De acordo com informações da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), nos últimos cinco anos, a inadimplência no pagamento do imposto atingiu uma média de 12%. Em 2009, a arrecadação do IPVA foi de R$ 152,9 milhões, dos quais 50% são repassados para os municípios de licenciamento do veículo, ficando a outra parte para o estado.

O Decreto 26.302, que regulamentou o parcelamento, também definiu o valor mínimo de cada parcela, ficando R$ 30,00 para motocicletas e similares, e R$ 100,00 para os demais veículos automotores.

A Sefaz lembra que só poderão ser parcelados débitos do IPVA, ou seja, o parcelamento não inclui débitos de seguro obrigatório, multas e taxas de licenciamento.

O pagamento das parcelas será feito por meio do Documento de Arrecadação de Receitas Estaduais, código de receita 113, que poderá ser emitido na Internet, no site da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), www.sefaz.ma.gov.br, ou nas agências de atendimento da secretaria.

IPVA 2010 - Ontem venceu o prazo para pagamento da cota única e a segunda cota do IPVA 2010 dos automóveis com terminações de placa 7 e 8. No dia 26, vencerá a cota única e segunda cota para terminações 9 e 0.

O imposto deve ser pago em qualquer agência do Banco do Brasil, apenas com o Renavan ou com o boleto emitido nos sites www.detran.ma.gov.br (opção: serviços on-line/licenciamento) e www.sefaz.ma.gov.br (opção: acesso rápido/licenciamento). Para correntistas do BB, o pagamento poderá ser feito por meio de débito em conta corrente, via canais de auto-atendimento.

Após o pagamento do imposto, das taxas e do seguro, o contribuinte receberá em seu endereço, em até 10 dias úteis, o Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV). Informações sobre o certificado podem ser obtidas pelo Disk-Detran (98) 3089-1514, postos de atendimento ou no Ciretran. Para garantir o recebimento do documento de licenciamento pelos Correios após o pagamento, o proprietário de veículo deve manter seu endereço atualizado no Departamento Estadual de Trânsito (Detran).



Imposto - Caso o imposto não seja pago no prazo determinado, haverá cobrança de multa. Segundo Jânio Miranda, gestor do IPVA, em 2010, a multa por atraso no pagamento do IPVA ficou menor, passando de 10% para 2%.

Devem pagar o imposto proprietários que tenham veículos automotores com menos de 15 anos. O valor do IPVA 2010 está menor, em decorrência da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os carros novos, que provocou uma queda nos valores dos veículos usados. A redução em alguns casos chegou a 10%.

O Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV) devolvido pelos Correios estará disponível no Viva Cidadão da Praia Grande, quando se tratar de municípios da jurisdição de São Luís. Nos demais, o documento ficará disponível nas respectivas Ciretrans.

terça-feira, 23 de março de 2010

12 teses e ½ sobre a conjuntura do Maranhão - Parte I

(*)Wagner Cabral da Costa
Historiador

1. Nunca é demais lembrar o ponto central das disputas políticas no Maranhão, do ponto de vista democrático de esquerda, que é o enfrentamento da mais velha oligarquia do país. Esta foi a tônica predominante nas últimas décadas, com seus acertos e erros, sucessos e derrotas.
2. Filha direta da ditadura militar, a oligarquia se manteve no poder durante quatro décadas em virtude, em primeiro lugar, das relações com o poder central, com o que teve e tem acesso a cargos federais e verbas públicas, manejados visando preservar e ampliar seu poder. Dos militares, apoiou a Nova República (do PMDB de Tancredo Neves), passando depois pelo PSDB de Fernando Henrique e agora pelo PT de Luís Inácio.
3. Sua ideologia é não ter ideologia, abraçando qualquer idéia, desde que oriunda do centro de poder, num governismo e adesismo congênitos que a transformaram desde sempre numa oligarquia “de uso exclusivo da Presidência da República”. Numa eventual vitória tucana em 2010, logo a veremos reconvertida ao credo do PSDB, dando-lhe sustentação política e governabilidade.
4. Em outro ângulo, a oligarquia também é produto e patrocinadora minoritária do processo de modernização conservadora da economia. Processo levado adiante pelo grande capital nacional e estrangeiro, com o apoio decisivo do Estado, e que transformou o Maranhão num corredor de exportação de produtos e insumos básicos, ao custo da superexploração dos trabalhadores, da destruição da agricultura familiar, da explosão dos conflitos no campo, do assassinato de lideranças populares, da destruição do meio ambiente. Nesse sentido, a oligarquia é expressão e aliada orgânica do grande capital.
5. A modernização conservadora também modificou parcialmente as bases de sustentação da oligarquia. Pois, ao lado do patrimonialismo (uso da máquina federal e estadual, nepotismo, clientelismo e corrupção), a oligarquia se constituiu em grupo econômico, com ramificações mafiosas em setores-chave da economia e do Estado nacional (vide as Minas e Energia), laços com empreiteiras e construtoras (corrompendo licitações e contratos), além da imensa fortuna familiar (visível e invisível).
6. O quase monopólio dos meios de comunicação de massa é outro componente da estrutura oligárquica, um controle direto (Sistema Mirante) ou indireto (aliados políticos e financiamento da mídia por verbas públicas). Estruturou-se dessa forma um Ministério da Mentira (MiniMent), espalhado na TV, no rádio, em jornais e na internet, cuja função é fabricar falsas verdades e distribuir falsas ilusões de progresso e desenvolvimento. Com a aproximação do período eleitoral, passou a vigorar o “vale-tudo”, com a divulgação sistemática de falsas notícias e pesquisas, de boatos e mexericos fabricados para comprometer seus adversários e críticos.
7. A violência e o medo formam ainda um dos sustentáculos da estrutura oligárquica. A violência física e simbólica voltada contra os trabalhadores e suas organizações, contra políticos e partidos da oposição. Alimenta-se a crença de que o chefe oligárquico é um Deus onipotente e onipresente, que tudo pode e tudo quer. No entanto, a imagem divina de um mestre de marionetes apenas esconde a fragilidade de toda essa estrutura de poder, sustentada não na consciência popular, mas na coerção, no clientelismo, na compra de votos, no abuso de poder político, econômico e midiático. A oligarquia é apenas a caricatura de um falso Deus.
8. Por outro lado, a trajetória das oposições tem sido múltipla, fragmentada e sem continuidade, por diversas razões que convém brevemente examinar. Em primeiro lugar, pelo espaço ocupado por dissidentes da oligarquia, cuja ruptura se deu por questões menores, pois em sua maioria são meros parricidas, que pretendem eliminar o deus-oligarca apenas para ocupar o seu lugar, repetindo a estória do José que substituiu o Vitorino. Ou ainda retornando ao ninho da oligarquia ao primeiro sinal de adversidade e à primeira promessa de benesses, pois se trata de uma classe política majoritariamente patrimonial e governista.
9. O exemplo do governo deposto pelo golpe judiciário do TSE deve ser retomado. Eleito num Condomínio de forças políticas contraditórias, tanto conservadoras quanto progressistas, o governo pedetista optou por privilegiar o atraso, afastando-se das esperanças e aspirações populares. O sentido parricida logo se revelou no projeto de substituir a velha oligarquia e não avançar na perspectiva da democratização da política e da participação popular, promovendo um governo de efetivas reformas. Nada disso aconteceu e pagamos todos hoje o alto preço da opção pelo atraso, com o retorno ilegítimo da filha oligarca ao poder.

Quinta-feira publicarei a parte II

Cleide Coutinho volta a cobrar asfaltamento da MA-127


A deputada Cleide Coutinho (PSB) voltou a cobrar, na sessão desta segunda-feira (22), a recuperação e asfaltamento da MA-127, estrada estadual que liga Caxias a São João do Sóter. A parlamentar fez um apelo ao secretário de Infra-Estrutura do Estado, Max Barros, para que a obra seja realizada. Na semana passada, a deputada já tinha trato do mesmo assunto.

A deputada socialista fez uma resposta direta à também deputada Márcia Marinho (PMDB), que chegou a questionar a data das fotos que “demonstravam o estado caótico da estrada”. Cleide Coutinho leu a declaração que recebeu, no dia 15 de março, do secretário de Administração Financeira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias, José Wilson da Silva, assumindo que participou da coleta de assinaturas de moradores nos povoados situados à margem da rodovia MA-127, com o objetivo de reivindicar melhoria na rodovia, que se encontra intrafegável.

Diz também que foi ele quem registrou em fotos, no dia 4 deste mês, “o efetivo e precário estado da mencionada rodovia e, tanto as assinaturas coletadas como as fotos por mim registradas, foram encaminhadas para a senhora deputada Cleide Coutinho para que tomasse as providências cabíveis, ou seja, para a reivindicação de reparos e melhorias na rodovia em questão, inclusive com a construção das pontes situadas no município de Caxias”.

Cleide Coutinho mostrou fotos mais recentes que foram tiradas no dia 17 deste mês, “que retratam ainda a maneira caótica da referida rodovia”. A deputada colocou as fotos à disposição “de quem possa interessar”. A deputada disse que ela e o deputado Rubens Júnior (PCdoB) fizeram emendas para garantir o asfaltamento da rodovia, mas isso não ocorreu, mas voltou a manifestar confiança que o secretário de Infra-Estrutura venha a resolver o problema, já que a obra chegou a ser licitada e o dinheiro repassado para a empreiteira, que ainda não realizou os serviços.

Waldemar Têrr
Agência Assembleia

segunda-feira, 22 de março de 2010

SAAE/Caxias comemora o dia mundial da água



O SAAE/Caxias todos os anos aproveita o período das comemorações do Dia Mundial da Água para lançar o seu Relatório Anual de Potabilidade.

Cumprindo o Decreto Federal 5.440/2005 a autarquia fornece para seus mais de 30 mil consumidores os números relativos às estações de tratamento da água, Volta Redonda e Ponte, e das dezenas de sistemas simplificados de abastecimento de água (poços artesianos) de todo o município.

Em todo o mundo o dia 22 de março é comemorado o Dia da Água. Este dia foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 22 de março de 1992 e é destinado a discussões, debates sobre diversos temas relacionados a este importante bem natural. No mesmo dia foi divulgado um importante documento: "Declaração Universal dos Direitos da Água".

O texto apresenta uma série de medidas, sugestões e informações que servem para despertar a consciência ecológica da população mundial e dos governantes para a questão da água. O bem natural insubstituível para a sobrevivência humana.

Juntamente com as planilhas contendo os índices de qualidade físico-química e bacteriológica da água consumida pelo caxiense, são divulgadas as informações sobre os aspectos administrativos, avanços tecnológicos e de projetos da autarquia SAAE além de dicas quanto ao uso racional e sustentável da água.

Segundo o diretor da autarquia Saae/Caxias, eng. Carlos A. Martins, "a democratização de todas as informações relacionadas aos serviços essenciais a população é de direito de todos, em nossa administração o Saae sempre prezou por isso. Além de contribuirmos para uma melhor educação no que diz respeito ao uso racional da água", ressaltou o diretor.


Fonte: Ascom

Temer prevê aprovação do projeto da ficha suja

Alvo de mobilizações realizadas em todo o País, o projeto de lei contra os candidatos com ficha suja começa a abrir caminho para sua aprovação. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), disse pedirá o empenho de cada um deles junto às bancadas para apoiar a proposta, em reunião de líderes marcada para amanhã, às 15 horas.

Com "um certo consenso", como frisou, o deputado acredita que a matéria estará pronta para ser examinada no plenário na semana depois da Páscoa. "Com o apoio dos líderes, o projeto pode ser aprovado, o texto melhorou bastante", afirmou, referindo-se a mudanças feitas pela comissão de deputados.

Temer negou ter dificultado a tramitação do projeto. "Pelo contrário, eu sempre disse que queria sua aprovação, mas achava difícil avançar na tramitação, com a condenação em primeira instância", explicou.

Fora do Congresso, intensificou-se o trabalho do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) para impedir a eleição dos candidatos de ficha suja. Além da entrega de mais 77 mil assinaturas para se juntar ao 1,5 milhão que embasam o projeto de iniciativa popular, uma série de eventos tem sido desenvolvida em todo o País.

A posição dos 513 deputados está sendo mapeada por meio de questionário encaminhado pela internet aos gabinetes, na sexta-feira. É dele que sairá - de acordo com a diretora do movimento, Jovita José Rosa - a planilha sobre "os que querem ou não acabar com a corrupção na vida pública do País".

Uma espécie de marco dessa mobilização está sendo preparada para o aniversário de 50 anos de Brasília. Segundo Jovita, será a ocasião de comprovar até que ponto a impunidade com os fichas-sujas corrompe as administrações públicas.

Ela cita o caso do governador José Roberto Arruda, preso há mais de um mês, que em 2001 voltou à vida pública porque não havia nenhuma lei para impedir seu retorno. Naquele ano, Arruda renunciou ao mandato para não ser cassado como um dos envolvidos na violação do painel do Senado. Se o projeto contra os fichas-sujas estivesse em vigor, diz Jovita, Arruda estaria inelegível até o fim deste ano. "E o Distrito Federal não estaria vivendo o caos de hoje."

O texto prevê que aqueles que renunciarem ficam impedidos de se candidatarem no período restante do mandato e nos oito anos seguidos ao término da legislatura. Por se tratar de lei complementar, o projeto não corre o risco de ser brecado pela obstrução provocada no plenário pelas medidas provisórias. O quórum para sua aprovação é de maioria absoluta: 257 deputados e 41 senadores.

O texto modifica a lei que trata da inelegibilidade e atinge os demitidos do serviço público, os condenados por crimes eleitorais e os que tenham sido impedidos de exercer profissão por decisão do órgão profissional competente.

Rosa Costa / BRASÍLIA - O Estadao de S.Paulo

MARANHÃO: LIMITES DA CONVENIÊNCIA

por: Marcio Jerry

O PT também está rachado no Maranhão. A divisão se dá entre petistas que querem apoiar a eleição de Roseana Sarney (PMDB) e os que tentam tirar
o poder de uma oligarquia familiar. Esses se articulam em torno da candidatura do deputado Flávio Dino (PCdoB), parlamentar de destacada atuação no Congresso e, também, na base governista.

É um conflito que se repete em outros estados. O PT não cedeu na Bahia. Mas deve ceder em Minas, em nome do acordo nacional com o PMDB.

A resistência no Maranhão é à oligarquia Sarney, que completa 45 anos. Ela nasceu com a eleição de José Sarney para o governo do estado, em 1965, com apoio do marechal Castelo Branco. Sarney foi peça importante de sustentação da ditadura quase todo o tempo. Sim, quase: foi udenista até a UDN acabar; arenista até a Arena acabar; pedessista até o PDS acabar, mas abandonou o regime militar antes que acabasse. Esperta atitude.

No dia 27, os petistas vão decidir. O PT e o PMDB fizeram um casamento de conveniência. Relação de conveniência tem limites. Esse caso estabelece o limite. O Maranhão, para a nossa desdita, é o enclave mais atrasado do Brasil. Herança da oligarquia que sufoca o progresso econômico-social e mancha o lábaro estrelado.

quinta-feira, 18 de março de 2010

CARTAS AO DR. PÊTA - JP de 17.03.2010


As eleições se aproximam e os rumores já se encontram nas principais praças do interior maranhense. No município de Caxias, cidade habitada por intelectuais e formadores de opinião, já se ouve comentários sobre o desempenho de alguns deputados que ocupam as cadeiras da Assembléia Legislativa. Dra. Cleide Coutinho vem tendo um inédito índice de aprovação como representante daquele município. Essa é, sim, uma das candidatas favoritas. Desde que foi eleita, em 2006, como a segunda mais bem votada do Maranhão, Dra Cleide vem desempenhando um excelente papel na AL, elaborando projetos que favorecem de forma direta aquele município. Na cidade de Tuntum não é diferente. O povo reconhece muito bem o trabalho de um gestor e lá a sede do voto é ainda maior.
por: Ronald Segundo
Jornal Pequeno 17.03.10

PT do Maranhão: lotes à venda?



A governadora biônica – colocada no cargo pelo voto de cinco juízes – do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), quer comprar o Partido dos Trabalhadores (PT) no seu estado.

Doloroso constatar, há quem esteja disposto a vendê-lo.

Ignorando mais de quatro décadas de luta renhida, onde não foram poucas as baixas, contra a oligarquia Sarney – tendo à frente do campo popular o PT e o PDT – e tudo de ruim que ela representa, algumas lideranças obtusas estão dispostas a rasgar a história do maior partido de massas do Ocidente e capitular diante do poder econômico.

No próximo dia 26 de março, no Encontro Estadual do PT-MA, não estarão em disputa apenas a política de alianças e a estratégia eleitoral da legenda para 2010.

Estará em jogo, acima de tudo, que tipo de mensagem o Partido dos Trabalhadores enviará à sociedade maranhense.

A mensagem de esperança, perseverança e coragem para enfrentar os grandes desafios…

Ou a mensagem da submissão ao poder opressor.

De nada valem justificativas como “estamos sendo coerentes com o projeto nacional” ou “estamos fortalecendo o projeto do governo Lula”.

Eleitoralmente, o PT do Maranhão – ao contrário de todos os seus irmãos nos estados vizinhos – é quase insignificante. Ou melhor, TORNOU-SE, sobretudo na última década, quase insignificante, graças a sucessivos erros causados pelos egos maiores do que os cérebros.

No Maranhão, o PT chega a ser menor do que várias siglas de aluguel que representam nada ou quase nada em nível nacional, mas (sobre)vivem do fisiologismo que tem raízes muito profundas no estado, um dos legados da oligarquia Sarney – e da degeneração, numa espécie de reflexo invertido do sarneísmo, do PDT nos últimos vinte anos.

O PT, entretanto, tem consigo um patrimônio que nenhum outro partido no Brasil jamais chegou perto de possuir: a encarnação da chama da indignação que move homens e mulheres em busca da transformação, da superação de uma sociedade de poucos (privilegiados) exploradores e muitos explorados.

Todas as pesquisas acerca dos partidos brasileiros mostram que o PT é o que possui as melhores referências no imaginário da população brasileira. Se alguém duvidar, basta conferir aqui uma pesquisa feita pela Fundação Perseu Abramo em 2006 (ainda sob o calor do escândalo do “mensalão”).


Roseana treme diante da possibilidade de Flávio Dino ser apoiado pelo PT

O PT, portant0, não precisa de Roseana Sarney. Ela e sua camarilha são quem, de fato, precisa do PT para liquidar qualquer possibilidade de vitória da oposição.

Que a escolha do dia 26 rejeite a capitulação do Partido dos Trabalhadores perante o grupo que mais cristalinamente representa a sua antítese no Maranhão.

Que a decisão do Encontro seja a de apoiar a candidatura do brilhante e corajoso deputado federal Flávio Dino – este, por si só, serviria de exemplo pessoal para algumas lideranças petistas que estão hesitantes, ou mesmo já resignadas com a aliança com a família Sarney: abandonou uma carreira ao mesmo tempo consagrada e promissora na magistratura brasileira por ousar acreditar na sua contribuição para a transformação verdadeira e profunda do Maranhão… transformação que, por certas (im)posturas aparentes, talvez não alimente mais o pensamento de algumas lideranças petistas maranhenses…

Ceticismo - Um dos nomes mais citados nesse imbróglio do PT maranhense é o histórico e valoroso militante sindical Rodrigo Comerciário, justamente o candidato a vice na chapa com Flávio Dino na eleição municipal de 2008 em São Luís.

Seria ele – só posso cogitar, pois acompanho de longe os debates e articulações – o fiel da balança na disputa entre os “sarneístas-petistas” (escrever isso até dói!) e os defensores da aliança com o PCdoB de Flávio.

Mais do que ingênuo, sou cético quanto à possibilidade de Rodrigo – nome de um dos meus irmãos – esquecer todo o seu passado (e colocar em xeque o seu futuro) para “comercializar” a sua adesão ao esquema putrefato da família Sarney. Não acredito nisso.

Maria Aragão, Elias Zi, Padre Josimo, Preto Ghoez e tantos outros bravos lutadores da esquerda maranhense – não necessariamente petistas – já tombados, porém sempre lembrados, devem estar se contorcendo de dor, onde quer que estejam, diante da simples existência desse debate e, pior, da possibilidade de um desfecho absolutamente trágico.

PS: Alguns “jornalistas” de aluguel do Sistema Mentira Mirante estão espalhando o boato estapafúrdio de que Flávio Dino será candidato a senador na chapa de Roseana Sarney. Acreditam mesmo que são capazes de influenciar a decisão petista. Coitados. Acreditam num poder que não possuem. Alguns deles, vale lembrar, acostumados a circular na Assembleia Legislativa, nas secretarias estaduais ou prefeituras do interior para receber os trocados – não assumidos – por serviços prestados que no Império Romano já tinham nome, mas são despudoradamente oferecidos como “jornalismo”…

Márcio Jerry

quarta-feira, 17 de março de 2010

Cleide Coutinho cobra execução da estrada Caxias/São João do Sóter


De volta ao plenário 15 dias depois de haver se submetido a uma cirurgia no ombro direito, a deputada Cleide Coutinho (PSB) cobrou do Governo do Estado a construção da estrada que liga Caxias a São João do Sóter (MA-127). A parlamentar afirmou estar de posse de um abaixo-assinado dos moradores da área pedindo a execução da estrada estadual e mostrou fotos que comprovam a intrafegabilidade dela.

Cleide Coutinho disse que o secretário de Infraestrutura, Max Barros, e a governadora Roseana Sarney (PMDB) se comprometeram a executar a obra, mas até agora não foi realizada. A deputada socialista contou não saber qual foi a empresa que ganhou a licitação, mas que a estrada “está uma tristeza” e “em estado decadente ficando quase que impossibilitado de transitar devido a buracos e trepidações, e durante o período da chuva tornará impossível o trânsito lá”.

A deputada do PSB afirmou que sete pontes foram derrubadas para ser reconstruídas e até agora nada foi feito e que os carros e caminhões que por ali trafegam estão passando dentro d’água, correndo risco de quebrar e que quando chove de um lado ficam os veículos e as pessoas passam a pé para o outro. Cleide Coutinho fez um apelo ao deputado e secretário Max Barros, no sentido de que a obra seja realizada o quanto antes.

A parlamentar garantiu que “a sorte dos moradores, quando se refere a andar pela estrada, é que não choveu ainda”.

Waldemar Têrr
Agência Assembleia

segunda-feira, 15 de março de 2010

VOU DAR UM TEMPO...

“Daqui pra frente, ainda teremos terremotos, tsunamis e o Big Brother 11, 12,13,14,15... eleições, Copa do mundo, enfim, eu preciso dar um tempo para poder voltar e reclamar das mesmas coisas”

Não sei se vocês lembram, mas escrevi uma crônica cujo título é “Os filhos de FHC e Lula, e outras águas”. Tá aqui no arquivo. Eu falava de uma entrevista que Cony concedeu a Mauricio Melo Junior, na TV Senado.

Peço licença, e reproduzo um trecho: “Em determinado momento da entrevista, antes de discorrer sobre Memórias de um Sargento de Milícias, Cony estabelece a diferença entre o cronista e o romancista. Segundo o autor de Pilatos (um livro histórico), o primeiro é peixe de aquário, ele está ali para soprar amenidades no ouvido do leitor passageiro. Podemos encontrá-lo nas ante-salas de consultórios dentários ou no hall de entrada de churrascarias de gosto duvidoso, e geralmente carne de primeira. O cronista é uma distração. Ele afaga, decora o ambiente. Um fofoqueiro de luxo. Uma comadre remunerada. Nunca tem uma tese; se faz e ganha o pão no reino das generalidades, dos palpites. Uma exceção óbvia e ululante me vem à mente: Nelson Rodrigues – esse é outro papo”.

“E o segundo é peixe cascudo, de águas profundas, vive e produz isolado: não faz nenhuma questão de ser bonitinho e piscar luzinhas coloridas para o deleite de sua audiência, aliás, ele dispensa a tal audiência. Escreve apesar dos poucos leitores que o admiram, apesar dele mesmo. Com ele, não tem lero-lero. O cara é ambicioso e intratável. O negócio dele são os desvãos da alma, os vôos tonitruantes sobre abismos infernais. Um pé no saco. Claro que também há exceções, e é claro que o mesmo sujeito pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo: os exemplos são numerosos, a começar pelo próprio Cony. Diferenças estabelecidas, posso dizer o seguinte: não é raro que o cronista atrapalhe o trampo do romancista e vice-versa. Sobretudo se ele for a mesma e problemática pessoa. Está acontecendo isso comigo, aqui e agora. Depois de 90 crônicas publicadas no Congresso em Foco, com apenas duas brevíssimas interrupções ao longo de quase dois anos, sinto que o parafuso está dando uma espanada. Ou eu faço uma coisa ou faço outra. Ou faço as duas coisas pela metade”.

Pilatos é um livro histórico porque é o pai do besteirol no Brasil, leiam.

E depois, confesso, estou um pouco frustrado. Não só com os desdobramentos dos acontecimentos, que de certa forma são previsíveis. Mas com minha própria ingenuidade. De nada adiantou e de nada adiantará me esgoelar aqui no Congresso em Foco. Vocês viram a capa – outra vez eles se superaram... – da Rolling Stone deste mês? Se Hitler, Stalin ou qualquer carniceiro do século vinte atuasse hoje em dia, estaria escovando os mesmos dentes podres que Bial escova na capa desse lixo de revista. Dá um desânimo danado acompanhar 70 milhões de pessoas votando nessa merda chamada Big Brother. Qual a diferença dos campos de extermínio nazistas? Nenhuma. Ou talvez o B.B.B seja mais nefasto, porque manda a consciência de milhões para uma câmara de gás que não passa de uma pegadinha... pensando bem, os corpos sarados do BBB não são muito diferentes dos esqueletos produzidos pelos nazistas: porque o método de aniquilar as almas é o mesmo. Chega uma hora que enche o saco. Pra dona Lindu que o pariu o Lula e suas metáforas e comparações abjetas. O presidente boca de esgoto, o estadista sem frase. Não bastasse, em fevereiro tem comercial de cerveja, carnaval, o diabo. Me sinto um tonto, gritando, reclamando toda semana pra quê?

Na verdade, o que eu queria era revirar o mundo do avesso e falar com os meus amigos ao mesmo tempo. Mas isso não consegui, e jamais conseguirei.

E essa sensação de gritar no deserto já me acompanha há um bom tempo. Vejam só o que escrevi em 2004, no falecido site da Aol:

“O que eu quero dizer é que não adianta nada escrever aqui, nem em lugar nenhum. Ou, por acaso, adiantou alguma coisa falar em Big Brother, dizer que aquilo é um zoológico nefasto e desejar ter dois filhos retardados com Antonella? Nada, não adiantou nada. O Big Brother tá lá, firme e forte, a gringa me enfeitiçou para sempre e, dentro de alguns meses, Sílvio Santos vai enfiar sua Casa dos Artistas 5 ou 6 goela abaixo da minha realidade derrotada. De que adiantou falar do oba-oba que se fez quando do lançamento do livro do Chico Buarque? Nada, absolutamente nada, o livro é um sucesso de vendas e provavelmente ganhará um monte de prêmios e medalhas, Daniel Piza continuará despejando aforismos “pequenas empresas, grandes negócios” na cabeça de todo mundo, todo domingo no Estadão. Alguma providência foi tomada pelo Ministério Público quanto às barbies anoréxicas? O que adianta esculhambar e reiterar a esculhambação? Os tribalistas e todos os desdobramentos sensuais e odaras do coronelzinho de Santo Amaro da Purificação são tão certos na próxima temporada quanto as enchentes no Jardim Pantanal e a cara feia dos manos do rap. De nada adiantou estrebuchar, lançar pragas e trovoadas em cima de lugar nenhum. Acho que é isso. Nem vou falar do Ed Motta. Estou perdendo meu tempo e gastando o tempo de vocês, leitores, que, toda quinta ou sexta-feira, vêm até aqui para ver onde cairá a próxima bomba. Eu vos digo: no Ed Motta ou em lugar nenhum, dá na mesma. Sou um crédulo, este é meu problema. Um bobalhão apartado de si mesmo que imaginou ter duas lésbicas deslizando sobre o calçadão do Leblon somente para o meu regozijo e o consumo do Takeda, um japa amigo meu que é chegado nesses lances e que, além de persuasivo e discretamente camicase, adora comer um frango a passarinho e discorrer sobre adagas e mutilações genitais amiúde... Sei lá, é mania dele falar desses assuntos enquanto chupa asinhas de frango a passarinho. Escrevo para o Takeda, pro Mário e pro Nilo, pros meus amigos... E se o Lísias, que mais do que amigo é também meu ideólogo de plantão, achar que tá bom, pra mim tá ótimo.

A grana que recebo é decente (descontados os impostos escorchantes....) mas não me livrou dos ônibus lotados nem dos congestionamentos de São Paulo, tampouco me ajudou a comprar mulheres melhores do que aquelas que eu consumia (com a mesada da mamãe) antes de escrever na AOL. Sou um sujeito de hábitos simples, quase um monge, nem cama eu tenho, durmo sobre um colchonete furreca e moro numa quitinete na praça Roosevelt, quem quiser me achar e acabar com isso tudo, por favor, vá ao teatro dos Satyros que fica na mesma praça, veja o Hotel Lancaster do Bortolotto, e pergunte ao Loureiro, que é o diretor do Hotel..., por mim: é a coisa mais fácil de se achar. Mas vá armado que eu costumo reagir.

Depois da peça, estou lá. Triste e amargurado, nem sei por quê. À espera da mulher que idealizei desde os meus doze anos de idade e que jamais aparecerá, estou lá, eu, minhas bochechas e minhas olheiras, assim meio que cambaleante, uma parte mussarela e a outra metade calabresa... Sobretudo convencido de que não adiantou nada estrebuchar, escrever quatro livros geniais e, agora, estas crônicas acima da média; não comi ninguém por causa / nem apesar disso e, quero dizer que sou uma besta quadrada e que, daqui pra frente, tudo o que eu fizer vai ser feito deliberadamente em vão — como se isso fosse possível...”.

Quem levou o tiro foi o Bortolotto, que graças a Deus está se recuperando e passa bem. De resto, basta somar onze livros geniais, trocar a Casa dos Artistas pela Fazenda do bispo Edir, e Ed Motta por Mano Brown , trocar São Paulo pelo Rio e o colchonete furreca por uma cama de casal e... voilà! A mesma merda. Tudo bem que minha vida deu uma melhoradinha, mas continuo desanimado como sempre. Em 2004 – como vocês podem conferir - eu já andava desiludido com toda essa merda, e achava que as coisas só iam piorar, e pioraram muito. Na sexta-feira um fanático matou Glauco e Raoni, seu filho. Daqui pra frente, ainda teremos terremotos, tsunamis e o Big Brother 11, 12,13,14,15... eleições, Copa do mundo, enfim, eu preciso dar um tempo para poder voltar e reclamar das mesmas coisas, enquanto isso não acontece, me recolho ao silêncio dos abismos marinhos e vou viver minha vida de peixe cascudo, mas eu volto. Obrigado pela audiência, e abraços a todos.





*Considerado uma das grandes relevações da literatura brasileira dos anos 1990, formou-se em Direito, mas jamais exerceu a profissão. É conhecido pelo estilo inovador e pela ousadia, e em muitos casos virulência, com que se insurge contra o status quo e as panelinhas do mundo literário. É autor de Proibidão (Editora Demônio Negro), O herói devolvido, Bangalô e O azul do filho morto (os três pela Editora 34) e Joana a contragosto (Record), entre outros.





Não sei se vocês lembram, mas escrevi uma crônica cujo título é “Os filhos de FHC e Lula, e outras águas”. Tá aqui no arquivo. Eu falava de uma entrevista que Cony concedeu a Mauricio Melo Junior, na TV Senado.

Peço licença, e reproduzo um trecho: “Em determinado momento da entrevista, antes de discorrer sobre Memórias de um Sargento de Milícias, Cony estabelece a diferença entre o cronista e o romancista. Segundo o autor de Pilatos (um livro histórico), o primeiro é peixe de aquário, ele está ali para soprar amenidades no ouvido do leitor passageiro. Podemos encontrá-lo nas ante-salas de consultórios dentários ou no hall de entrada de churrascarias de gosto duvidoso, e geralmente carne de primeira. O cronista é uma distração. Ele afaga, decora o ambiente. Um fofoqueiro de luxo. Uma comadre remunerada. Nunca tem uma tese; se faz e ganha o pão no reino das generalidades, dos palpites. Uma exceção óbvia e ululante me vem à mente: Nelson Rodrigues – esse é outro papo”.

“E o segundo é peixe cascudo, de águas profundas, vive e produz isolado: não faz nenhuma questão de ser bonitinho e piscar luzinhas coloridas para o deleite de sua audiência, aliás, ele dispensa a tal audiência. Escreve apesar dos poucos leitores que o admiram, apesar dele mesmo. Com ele, não tem lero-lero. O cara é ambicioso e intratável. O negócio dele são os desvãos da alma, os vôos tonitruantes sobre abismos infernais. Um pé no saco. Claro que também há exceções, e é claro que o mesmo sujeito pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo: os exemplos são numerosos, a começar pelo próprio Cony. Diferenças estabelecidas, posso dizer o seguinte: não é raro que o cronista atrapalhe o trampo do romancista e vice-versa. Sobretudo se ele for a mesma e problemática pessoa. Está acontecendo isso comigo, aqui e agora. Depois de 90 crônicas publicadas no Congresso em Foco, com apenas duas brevíssimas interrupções ao longo de quase dois anos, sinto que o parafuso está dando uma espanada. Ou eu faço uma coisa ou faço outra. Ou faço as duas coisas pela metade”.

Pilatos é um livro histórico porque é o pai do besteirol no Brasil, leiam.

E depois, confesso, estou um pouco frustrado. Não só com os desdobramentos dos acontecimentos, que de certa forma são previsíveis. Mas com minha própria ingenuidade. De nada adiantou e de nada adiantará me esgoelar aqui no Congresso em Foco. Vocês viram a capa – outra vez eles se superaram... – da Rolling Stone deste mês? Se Hitler, Stalin ou qualquer carniceiro do século vinte atuasse hoje em dia, estaria escovando os mesmos dentes podres que Bial escova na capa desse lixo de revista. Dá um desânimo danado acompanhar 70 milhões de pessoas votando nessa merda chamada Big Brother. Qual a diferença dos campos de extermínio nazistas? Nenhuma. Ou talvez o B.B.B seja mais nefasto, porque manda a consciência de milhões para uma câmara de gás que não passa de uma pegadinha... pensando bem, os corpos sarados do BBB não são muito diferentes dos esqueletos produzidos pelos nazistas: porque o método de aniquilar as almas é o mesmo. Chega uma hora que enche o saco. Pra dona Lindu que o pariu o Lula e suas metáforas e comparações abjetas. O presidente boca de esgoto, o estadista sem frase. Não bastasse, em fevereiro tem comercial de cerveja, carnaval, o diabo. Me sinto um tonto, gritando, reclamando toda semana pra quê?

Na verdade, o que eu queria era revirar o mundo do avesso e falar com os meus amigos ao mesmo tempo. Mas isso não consegui, e jamais conseguirei.

E essa sensação de gritar no deserto já me acompanha há um bom tempo. Vejam só o que escrevi em 2004, no falecido site da Aol:

“O que eu quero dizer é que não adianta nada escrever aqui, nem em lugar nenhum. Ou, por acaso, adiantou alguma coisa falar em Big Brother, dizer que aquilo é um zoológico nefasto e desejar ter dois filhos retardados com Antonella? Nada, não adiantou nada. O Big Brother tá lá, firme e forte, a gringa me enfeitiçou para sempre e, dentro de alguns meses, Sílvio Santos vai enfiar sua Casa dos Artistas 5 ou 6 goela abaixo da minha realidade derrotada. De que adiantou falar do oba-oba que se fez quando do lançamento do livro do Chico Buarque? Nada, absolutamente nada, o livro é um sucesso de vendas e provavelmente ganhará um monte de prêmios e medalhas, Daniel Piza continuará despejando aforismos “pequenas empresas, grandes negócios” na cabeça de todo mundo, todo domingo no Estadão. Alguma providência foi tomada pelo Ministério Público quanto às barbies anoréxicas? O que adianta esculhambar e reiterar a esculhambação? Os tribalistas e todos os desdobramentos sensuais e odaras do coronelzinho de Santo Amaro da Purificação são tão certos na próxima temporada quanto as enchentes no Jardim Pantanal e a cara feia dos manos do rap. De nada adiantou estrebuchar, lançar pragas e trovoadas em cima de lugar nenhum. Acho que é isso. Nem vou falar do Ed Motta. Estou perdendo meu tempo e gastando o tempo de vocês, leitores, que, toda quinta ou sexta-feira, vêm até aqui para ver onde cairá a próxima bomba. Eu vos digo: no Ed Motta ou em lugar nenhum, dá na mesma. Sou um crédulo, este é meu problema. Um bobalhão apartado de si mesmo que imaginou ter duas lésbicas deslizando sobre o calçadão do Leblon somente para o meu regozijo e o consumo do Takeda, um japa amigo meu que é chegado nesses lances e que, além de persuasivo e discretamente camicase, adora comer um frango a passarinho e discorrer sobre adagas e mutilações genitais amiúde... Sei lá, é mania dele falar desses assuntos enquanto chupa asinhas de frango a passarinho. Escrevo para o Takeda, pro Mário e pro Nilo, pros meus amigos... E se o Lísias, que mais do que amigo é também meu ideólogo de plantão, achar que tá bom, pra mim tá ótimo.

A grana que recebo é decente (descontados os impostos escorchantes....) mas não me livrou dos ônibus lotados nem dos congestionamentos de São Paulo, tampouco me ajudou a comprar mulheres melhores do que aquelas que eu consumia (com a mesada da mamãe) antes de escrever na AOL. Sou um sujeito de hábitos simples, quase um monge, nem cama eu tenho, durmo sobre um colchonete furreca e moro numa quitinete na praça Roosevelt, quem quiser me achar e acabar com isso tudo, por favor, vá ao teatro dos Satyros que fica na mesma praça, veja o Hotel Lancaster do Bortolotto, e pergunte ao Loureiro, que é o diretor do Hotel..., por mim: é a coisa mais fácil de se achar. Mas vá armado que eu costumo reagir.

Depois da peça, estou lá. Triste e amargurado, nem sei por quê. À espera da mulher que idealizei desde os meus doze anos de idade e que jamais aparecerá, estou lá, eu, minhas bochechas e minhas olheiras, assim meio que cambaleante, uma parte mussarela e a outra metade calabresa... Sobretudo convencido de que não adiantou nada estrebuchar, escrever quatro livros geniais e, agora, estas crônicas acima da média; não comi ninguém por causa / nem apesar disso e, quero dizer que sou uma besta quadrada e que, daqui pra frente, tudo o que eu fizer vai ser feito deliberadamente em vão — como se isso fosse possível...”.

Quem levou o tiro foi o Bortolotto, que graças a Deus está se recuperando e passa bem. De resto, basta somar onze livros geniais, trocar a Casa dos Artistas pela Fazenda do bispo Edir, e Ed Motta por Mano Brown , trocar São Paulo pelo Rio e o colchonete furreca por uma cama de casal e... voilà! A mesma merda. Tudo bem que minha vida deu uma melhoradinha, mas continuo desanimado como sempre. Em 2004 – como vocês podem conferir - eu já andava desiludido com toda essa merda, e achava que as coisas só iam piorar, e pioraram muito. Na sexta-feira um fanático matou Glauco e Raoni, seu filho. Daqui pra frente, ainda teremos terremotos, tsunamis e o Big Brother 11, 12,13,14,15... eleições, Copa do mundo, enfim, eu preciso dar um tempo para poder voltar e reclamar das mesmas coisas, enquanto isso não acontece, me recolho ao silêncio dos abismos marinhos e vou viver minha vida de peixe cascudo, mas eu volto. Obrigado pela audiência, e abraços a todos.



“Daqui pra frente, ainda teremos terremotos, tsunamis e o Big Brother 11, 12,13,14,15... eleições, Copa do mundo, enfim, eu preciso dar um tempo para poder voltar e reclamar das mesmas coisas”




Marcelo Mirisola*
Não sei se vocês lembram, mas escrevi uma crônica cujo título é “Os filhos de FHC e Lula, e outras águas”. Tá aqui no arquivo. Eu falava de uma entrevista que Cony concedeu a Mauricio Melo Junior, na TV Senado.

Peço licença, e reproduzo um trecho: “Em determinado momento da entrevista, antes de discorrer sobre Memórias de um Sargento de Milícias, Cony estabelece a diferença entre o cronista e o romancista. Segundo o autor de Pilatos (um livro histórico), o primeiro é peixe de aquário, ele está ali para soprar amenidades no ouvido do leitor passageiro. Podemos encontrá-lo nas ante-salas de consultórios dentários ou no hall de entrada de churrascarias de gosto duvidoso, e geralmente carne de primeira. O cronista é uma distração. Ele afaga, decora o ambiente. Um fofoqueiro de luxo. Uma comadre remunerada. Nunca tem uma tese; se faz e ganha o pão no reino das generalidades, dos palpites. Uma exceção óbvia e ululante me vem à mente: Nelson Rodrigues – esse é outro papo”.

“E o segundo é peixe cascudo, de águas profundas, vive e produz isolado: não faz nenhuma questão de ser bonitinho e piscar luzinhas coloridas para o deleite de sua audiência, aliás, ele dispensa a tal audiência. Escreve apesar dos poucos leitores que o admiram, apesar dele mesmo. Com ele, não tem lero-lero. O cara é ambicioso e intratável. O negócio dele são os desvãos da alma, os vôos tonitruantes sobre abismos infernais. Um pé no saco. Claro que também há exceções, e é claro que o mesmo sujeito pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo: os exemplos são numerosos, a começar pelo próprio Cony. Diferenças estabelecidas, posso dizer o seguinte: não é raro que o cronista atrapalhe o trampo do romancista e vice-versa. Sobretudo se ele for a mesma e problemática pessoa. Está acontecendo isso comigo, aqui e agora. Depois de 90 crônicas publicadas no Congresso em Foco, com apenas duas brevíssimas interrupções ao longo de quase dois anos, sinto que o parafuso está dando uma espanada. Ou eu faço uma coisa ou faço outra. Ou faço as duas coisas pela metade”.

Pilatos é um livro histórico porque é o pai do besteirol no Brasil, leiam.

E depois, confesso, estou um pouco frustrado. Não só com os desdobramentos dos acontecimentos, que de certa forma são previsíveis. Mas com minha própria ingenuidade. De nada adiantou e de nada adiantará me esgoelar aqui no Congresso em Foco. Vocês viram a capa – outra vez eles se superaram... – da Rolling Stone deste mês? Se Hitler, Stalin ou qualquer carniceiro do século vinte atuasse hoje em dia, estaria escovando os mesmos dentes podres que Bial escova na capa desse lixo de revista. Dá um desânimo danado acompanhar 70 milhões de pessoas votando nessa merda chamada Big Brother. Qual a diferença dos campos de extermínio nazistas? Nenhuma. Ou talvez o B.B.B seja mais nefasto, porque manda a consciência de milhões para uma câmara de gás que não passa de uma pegadinha... pensando bem, os corpos sarados do BBB não são muito diferentes dos esqueletos produzidos pelos nazistas: porque o método de aniquilar as almas é o mesmo. Chega uma hora que enche o saco. Pra dona Lindu que o pariu o Lula e suas metáforas e comparações abjetas. O presidente boca de esgoto, o estadista sem frase. Não bastasse, em fevereiro tem comercial de cerveja, carnaval, o diabo. Me sinto um tonto, gritando, reclamando toda semana pra quê?

Na verdade, o que eu queria era revirar o mundo do avesso e falar com os meus amigos ao mesmo tempo. Mas isso não consegui, e jamais conseguirei.

E essa sensação de gritar no deserto já me acompanha há um bom tempo. Vejam só o que escrevi em 2004, no falecido site da Aol:

“O que eu quero dizer é que não adianta nada escrever aqui, nem em lugar nenhum. Ou, por acaso, adiantou alguma coisa falar em Big Brother, dizer que aquilo é um zoológico nefasto e desejar ter dois filhos retardados com Antonella? Nada, não adiantou nada. O Big Brother tá lá, firme e forte, a gringa me enfeitiçou para sempre e, dentro de alguns meses, Sílvio Santos vai enfiar sua Casa dos Artistas 5 ou 6 goela abaixo da minha realidade derrotada. De que adiantou falar do oba-oba que se fez quando do lançamento do livro do Chico Buarque? Nada, absolutamente nada, o livro é um sucesso de vendas e provavelmente ganhará um monte de prêmios e medalhas, Daniel Piza continuará despejando aforismos “pequenas empresas, grandes negócios” na cabeça de todo mundo, todo domingo no Estadão. Alguma providência foi tomada pelo Ministério Público quanto às barbies anoréxicas? O que adianta esculhambar e reiterar a esculhambação? Os tribalistas e todos os desdobramentos sensuais e odaras do coronelzinho de Santo Amaro da Purificação são tão certos na próxima temporada quanto as enchentes no Jardim Pantanal e a cara feia dos manos do rap. De nada adiantou estrebuchar, lançar pragas e trovoadas em cima de lugar nenhum. Acho que é isso. Nem vou falar do Ed Motta. Estou perdendo meu tempo e gastando o tempo de vocês, leitores, que, toda quinta ou sexta-feira, vêm até aqui para ver onde cairá a próxima bomba. Eu vos digo: no Ed Motta ou em lugar nenhum, dá na mesma. Sou um crédulo, este é meu problema. Um bobalhão apartado de si mesmo que imaginou ter duas lésbicas deslizando sobre o calçadão do Leblon somente para o meu regozijo e o consumo do Takeda, um japa amigo meu que é chegado nesses lances e que, além de persuasivo e discretamente camicase, adora comer um frango a passarinho e discorrer sobre adagas e mutilações genitais amiúde... Sei lá, é mania dele falar desses assuntos enquanto chupa asinhas de frango a passarinho. Escrevo para o Takeda, pro Mário e pro Nilo, pros meus amigos... E se o Lísias, que mais do que amigo é também meu ideólogo de plantão, achar que tá bom, pra mim tá ótimo.

A grana que recebo é decente (descontados os impostos escorchantes....) mas não me livrou dos ônibus lotados nem dos congestionamentos de São Paulo, tampouco me ajudou a comprar mulheres melhores do que aquelas que eu consumia (com a mesada da mamãe) antes de escrever na AOL. Sou um sujeito de hábitos simples, quase um monge, nem cama eu tenho, durmo sobre um colchonete furreca e moro numa quitinete na praça Roosevelt, quem quiser me achar e acabar com isso tudo, por favor, vá ao teatro dos Satyros que fica na mesma praça, veja o Hotel Lancaster do Bortolotto, e pergunte ao Loureiro, que é o diretor do Hotel..., por mim: é a coisa mais fácil de se achar. Mas vá armado que eu costumo reagir.

Depois da peça, estou lá. Triste e amargurado, nem sei por quê. À espera da mulher que idealizei desde os meus doze anos de idade e que jamais aparecerá, estou lá, eu, minhas bochechas e minhas olheiras, assim meio que cambaleante, uma parte mussarela e a outra metade calabresa... Sobretudo convencido de que não adiantou nada estrebuchar, escrever quatro livros geniais e, agora, estas crônicas acima da média; não comi ninguém por causa / nem apesar disso e, quero dizer que sou uma besta quadrada e que, daqui pra frente, tudo o que eu fizer vai ser feito deliberadamente em vão — como se isso fosse possível...”.

Quem levou o tiro foi o Bortolotto, que graças a Deus está se recuperando e passa bem. De resto, basta somar onze livros geniais, trocar a Casa dos Artistas pela Fazenda do bispo Edir, e Ed Motta por Mano Brown , trocar São Paulo pelo Rio e o colchonete furreca por uma cama de casal e... voilà! A mesma merda. Tudo bem que minha vida deu uma melhoradinha, mas continuo desanimado como sempre. Em 2004 – como vocês podem conferir - eu já andava desiludido com toda essa merda, e achava que as coisas só iam piorar, e pioraram muito. Na sexta-feira um fanático matou Glauco e Raoni, seu filho. Daqui pra frente, ainda teremos terremotos, tsunamis e o Big Brother 11, 12,13,14,15... eleições, Copa do mundo, enfim, eu preciso dar um tempo para poder voltar e reclamar das mesmas coisas, enquanto isso não acontece, me recolho ao silêncio dos abismos marinhos e vou viver minha vida de peixe cascudo, mas eu volto. Obrigado pela audiência, e abraços a todos.





*Considerado uma das grandes relevações da literatura brasileira dos anos 1990, formou-se em Direito, mas jamais exerceu a profissão. É conhecido pelo estilo inovador e pela ousadia, e em muitos casos virulência, com que se insurge contra o status quo e as panelinhas do mundo literário. É autor de Proibidão (Editora Demônio Negro), O herói devolvido, Bangalô e O azul do filho morto (os três pela Editora 34) e Joana a contragosto (Record), entre outros.


Marcelo Mirisola*
*Considerado uma das grandes relevações da literatura brasileira dos anos 1990, formou-se em Direito, mas jamais exerceu a profissão. É conhecido pelo estilo inovador e pela ousadia, e em muitos casos virulência, com que se insurge contra o status quo e as panelinhas do mundo literário. É autor de Proibidão (Editora Demônio Negro), O herói devolvido, Bangalô e O azul do filho morto (os três pela Editora 34) e Joana a contragosto (Record), entre outros.

segunda-feira, 8 de março de 2010

...E SAUDADE AUMENTA A CADA DIA...


Amanhã dia 09 se completará o segundo mês que nosso Paninana foi se encontar com o Pai. A saudade é imensa e a cada dia que passa aumenta mais e mais. A ficha ainda não caiu...