quinta-feira, 22 de julho de 2010

EMPRÉSTIMO CONSIGNADO: AGIOTAGEM OFICIAL?

Surgiram novos tempos. O malandro pra valer não existe mais. Agora o que impera é a malandragem oficial e oficializada. Assim como os clássicos bicheiros, os agiotas também sofrem pesada concorrência e estão em risco de extinção, perdendo espaço nas relações financeiras do dia-a-dia do brasileiro comum. A agiotagem, que era crime contra a economia popular, passou a ser hoje um bom negócio e, pasmem!, lícito. O alvo principal é o(a) velhinho(a) aposentado(a) ou pensionista, com a eterna fama de pobre, porém bom pagador. Uma avalanche de comerciais nos meios de comunicação bombardeia a todo instante os incautos aposentados, com promessas maravilhosas, atraindo também a atenção dos seus dependentes, pois se sabe que muitas famílias pobres neste imenso país vivem as custas de aposentadoria ou pensão de seus velhos. O que não impede de serem maltratados dentro de suas próprias casas.
Pobres velhos que nunca antes neste país sofreram tanto. Agora, o apetite voraz dos novos agiotas (digo, financeiras), prometem emprestar dinheiro aos velhinhos com a garantia de desconto nos contra cheques. Os velhos agiotas jamais imaginaram ou aplicaram tamanha esperteza. E os ingênuos aposentados e pensionistas que caíram no conto do vigário “da hora” são tomados de assalto e espanto quando recebem seus contra-cheques já minguados, menores ainda.
O atual governo entende que a economia brasileira é um sucesso e um de seus benefícios principais é a expansão do crédito. Mas, o resultado dessa farra geral é um perigoso endividamento interno que pode fazer a casa cair a qualquer momento. Nenhuma medida está sendo tomada para salvaguardar os direitos e a segurança das famílias endividadas. E o que mais assusta é o cheiro de que há algo de podre nos bastidores das financeiras gulosas.
Se no Brasil até a máfia esculhamba, como diz um humorista, só nos resta gritar: socorro, chame o ladrão, chame o ladrão! A verdade é que esta política econômica atual, que beira a irresponsabilidade, sobretudo por que é imediatista, está transformando uma parcela significativa de aposentados e funcionários em endividados crônicos. Com certeza, num futuro próximo haverá a necessidade de criar um Serviço de Proteção aos Endividados. Mas aí, já será tarde.
A abertura legal da outorga de crédito tem levado ao aumento sem tamanho da oferta do empréstimo consignado proporcionado pelo marketing. O empréstimo se tornou automático, sem riscos pelo desconto em folha direto. Mais para alcançar o maior número de pessoas, nos mais distantes lugares deste país, abriu-se uma rede de captação, que são os chamados “correspondentes bancários”, que são aqueles comerciantes da desgraça alheia, utilizando miniagências que funcionam como intermediários entre o consumidor e a entidade financeira, permitindo assim que as garras da rede de empréstimos, em cada lugar, mais escondido que seja – e é melhor que seja – alcance o alvo, principal deles: o aposentado.
Segundo teóricos que não aceitam estes tipos de tratamento que são considerados inescrupulosos, se as empresas financeiras que não tem condições de operar em determinados lugares, não se pode permitir que haja um credenciamento de outras pessoas jurídicas – às vezes nem isso – que pratiquem atos, mesmo em parte que não atendem aos fins sociais que o sistema monetário teria que proporcionar.
E aqui em Caxias não é diferente. Em cada esquina tem um correspondente bancário atacando os velhinhos aposentados com um marketing barato e sem escrúpulo, levando-os a assinarem papeis, até sob forma de terror explícito, para contraírem empréstimos que são os famigerados “consignados”, pois tem a tutela das repartições oficiais e nem sempre recebem o montante do que tomaram emprestado e no final de cada mês o descontos vem sempre acima do acordado. É o aproveitamento covarde dos incautos cidadãos e cidadãs da terceira idade que na maioria das vezes nem sabem ler. Os alfabetizados são ludibriados, imaginem os analfabetos, que são a grande maioria.
Esperamos que o Ministério Público tome uma providência imediata e que nossos representantes no Congresso Nacional façam leis que possam coibir este tipo de trapaça oficializada pelo Governo.
Da redação do blog com participação de Ciro Expedito - Promotor de Justiça/PR

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários que agridam as pessoas com palvras de baixo calão não serão publicados. Liberdade para escrever e tecer comentários é salutar, e precisamos emitir nossas opiniões sem a necessidade de agredir ninguém.